Demon Slayer: Castelo Infinito e a polêmica classificação +18 no Brasil

A medida surpreendeu fãs, distribuidoras e até especialistas em classificação de conteúdo. Afinal, outros filmes da mesma franquia — como Mugen Train, lançado em 2021 — haviam recebido classificação 14 anos

9/18/20254 min read

O aguardado filme de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito, que marca o início da adaptação para os cinemas do arco final do mangá de Koyoharu Gotouge, estreou em setembro de 2025 nos cinemas brasileiros cercado de enorme expectativa. A trilogia prometia trazer a fase mais intensa e dramática da saga de Tanjiro Kamado e seus companheiros contra Muzan Kibutsuji e os Doze luas superiores. Entretanto, antes mesmo das primeiras sessões, o longa já estava envolvido em uma polêmica que tomou conta da comunidade otaku: a decisão do Ministério da Justiça do Brasil de aplicar a classificação indicativa para maiores de 18 anos.

A medida surpreendeu fãs, distribuidoras e até especialistas em classificação de conteúdo. Afinal, outros filmes da mesma franquia — como Mugen Train, lançado em 2021 — haviam recebido classificação 14 anos no país. A mudança radical gerou debates acalorados sobre os critérios adotados, levantando acusações de “censura” e preocupações quanto ao acesso de adolescentes, que representam uma parte significativa do público do anime.

O que é Castelo Infinito e por que havia tanta expectativa

Castelo Infinito é o primeiro filme de uma trilogia que adapta o arco derradeiro de Demon Slayer. Esse trecho da história é considerado o mais sombrio e brutal do mangá, apresentando batalhas decisivas, mortes impactantes e revelações emocionais que concluem a jornada dos personagens principais.

Produzido pelo renomado estúdio ufotable, o longa contou com a mesma equipe criativa responsável pelos sucessos anteriores: direção de Haruo Sotozaki, design de personagens de Akira Matsushima e trilha sonora de Yuki Kajiura e Go Shiina. O resultado, uma animação tecnicamente impecável, com cenas de ação de tirar o fôlego e uma atmosfera mais pesada que os capítulos anteriores da franquia.

Com estreia marcada no Brasil em 11 de setembro de 2025, a expectativa era de sessões lotadas e recordes de bilheteria, assim como aconteceu com Mugen Train, que se tornou um dos maiores sucessos de bilheteria de anime no país. Contudo, a surpresa veio quando o Ministério da Justiça publicou sua decisão: o filme só poderia ser assistido por maiores de 18 anos.

A decisão oficial: por que +18?

De acordo com o documento emitido pelo Departamento de Classificação Indicativa (ClassInd), o filme foi classificado como impróprio para menores de 18 anos devido à presença de:

-Violência extrema, incluindo mutilações, sangue em abundância e cenas explícitas de dor e sofrimento;

-Cenas de medo e perturbação psicológica, com foco em desespero e tensão prolongada;

-Frequência e relevância dessas cenas na narrativa, consideradas centrais para o andamento da história;

-Participação de personagens mais jovens em contextos de violência extrema, algo que pesa negativamente segundo os critérios de avaliação.

Além disso, o relatório apontou agravantes como a forma de composição de cena: a intensidade com que a violência é retratada, a proximidade da câmera e a ênfase nos detalhes visuais contribuíram para a nota máxima.

O pedido da Sony Pictures e a recusa

A distribuidora do filme no Brasil, Sony Pictures, havia solicitado que a classificação fosse fixada em 14 anos, como ocorreu com os lançamentos anteriores da franquia. No entanto, o pedido foi recusado. A justificativa da ClassInd foi de que a violência e o clima de medo no novo filme ultrapassam em muito os limites aceitáveis para essa faixa etária.

Com a decisão, o filme foi automaticamente enquadrado em exibições restritas:

-Menores de 16 anos não podem assistir em nenhuma hipótese.

-Adolescentes de 16 e 17 anos só podem entrar nas sessões acompanhados de um responsável maior de idade ou com autorização formal assinada.

Repercussão entre fãs e a comunidade

A notícia gerou reações intensas nas redes sociais. Muitos fãs se mostraram indignados com a restrição, alegando que a decisão foi desproporcional em comparação a outros filmes igualmente violentos que receberam classificação mais branda no Brasil.

Comentários frequentes questionavam: se Mugen Train, que também apresentou mortes impactantes e violência explícita, foi classificado como 14 anos, por que Castelo Infinito não poderia receber o mesmo tratamento? A comparação com classificações internacionais também foi citada: em países como o Japão e os Estados Unidos, a tendência é de classificações mais brandas, como 15 ou 16 anos.

Impactos na bilheteria e exibição

"Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito" foi um sucesso de bilheteria no Brasil, estreando em primeiro lugar e alcançando a terceira maior estreia do ano, mesmo com a restrição de acesso para menores de 18 anos. O filme arrecadou mais de R$ 26 milhões no primeiro fim de semana e deve ter um desempenho ainda maior, confirmando o grande apelo popular da franquia.

O filme já havia quebrado recordes de bilheteria no Japão e em outros mercados internacionais antes de estrear no Brasil, o que gerou grande expectativa.

Polêmica: censura ou proteção?

A questão central que permanece é: estamos diante de censura ou apenas de uma aplicação rigorosa da classificação indicativa? Para muitos fãs, impedir adolescentes de assistir a um anime que acompanham há anos soa como censura cultural. Já para especialistas em mídia e regulação, trata-se de um processo natural de adequação, considerando que o arco final realmente eleva o nível de violência e intensidade dramática.

Um debate que vai além de Demon Slayer

A polêmica da classificação de Demon Slayer: Castelo Infinito levanta discussões importantes sobre os limites entre liberdade artística, proteção ao público e critérios de avaliação. Se por um lado é inegável que o filme apresenta cenas de alta intensidade, por outro, a comparação com outras obras levanta questionamentos sobre a consistência das avaliações feitas no Brasil.

Para os fãs, a frustração é compreensível: muitos acompanharam a jornada de Tanjiro desde a infância ou adolescência e agora se veem impedidos de assistir ao desfecho nos cinemas.

No fim, o caso mostra o quanto o anime deixou de ser um nicho para se tornar um fenômeno cultural global. Decisões como essa afetam milhões de pessoas e refletem debates mais amplos sobre consumo de mídia e liberdade criativa.

E você, leitor: acredita que a decisão de classificar Castelo Infinito como +18 foi justa, ou considera que se trata de censura que prejudica os fãs e a própria franquia?